sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A portinha do porão

Os irmãos Catarina e Damião haviam encontrado uma estranha e pequena porta na parede do porão, mas sua mãe interrompeu a brincadeira chamando-os para se deitar... Tiveram de conter a curiosidade para o dia seguinte. Quase não conseguiram dormir. Passava mil coisas pela cabeça de cada um, mas enfim pegaram no sono.
No outro dia, chegando em casa depois da aula, foram direto ao porão. Porém novamente a mãe os chamou e disse que estava na hora do almoço. As crianças comeram, escovaram os dentes e foram chamadas para ir ao bosque. Porém estavam muito curiosas para saber o que havia atrás da pequena porta, não aguentavam mais de tanta ansiedade. Parecia que quanto mais aguardavam o momento de abrir a porta mais aumentava a curiosidade e mais empecilhos apareciam em seus caminhos. Sabiam também que quando chegassem em casa a mãe os mandaria tomar banho, jantar e dormir, porque no outro dia viajariam depois do almoço com a tia para a casa dos avôs e só retornariam no domingo.
O final de semana só aumentou a ansiedade das crianças, foram para a casa dos avós, se divertiram muito, andaram a cavalo, nadaram na cachoeira e no domingo de manhã foram à missa com seus tios e avós. Enfim, estava cada vez mais próximo a volta para a casa. No caminho da igreja Damião teve uma ideia:
- Catarina!?
- Fala Damião!
- Não aguento mais esperar para ver o que tem atrás da portinha do porão.
- É maninho, desta vez estou com você, também estou muito curiosa. Mas só veremos na segunda, ouvi a titia falando com vovô que vamos embora às 17 horas.
- Também ouvi e vamos chegar em casa e como sempre tomar banho, jantar e a mamãe vai nos mandar ir dormir.
- É isso mesmo Damião, então veremos o que tem atrás da porta somente amanhã.
- Não, Catarina, eu tive uma ideia!
- Qual ideia Damião?
- Bom, a gente vai chegar e como de costume fazer todo o esperado e ir dormir.
- Que legal, Damião. Essa é sua grande ideia?!
- Não, sua boba. Minha ideia é que durante a noite a gente se levante e vá lá no porão ver o que tem atrás da portinha.
- Mas lá é muito escuro e a lâmpada pouco ilumina.
- Já pensei nisso, Catarina. Peguei algumas velas no quarto da vovó.
- Nossa! Legal, uma aventura à noite. Como nos filmes de terror.
- Não fala de filme de terror, maninha, você sabe que tenho medo.
- Essa semana a professora me contou uma história assustadora de uma passagem desse mundo para o mundo das sombras, que ficava no porão de um castelo. Quer ouvir?
- Não, para com isso. Você vai comigo no porão hoje à noite ou não?
- Combinado. Hoje à noite depois que a mamãe dormir vamos ao porão.
- Isso, hoje à noite será nossa grande aventura ao porão. (Risos.)
O resto do domingo, como todos os que passavam na casa dos avôs foi ótimo e divertidíssimo. Fizeram mil coisas, ouviram muitas histórias, comeram muitas coisas deliciosas preparadas pela avó, que sempre fazia várias coisas gostosas para agradá-los como toda avó. Mas, enfim chegou a hora de se despedirem dos avós, mas dessa vez, apesar de tristes por terem de ir embora, no fundo as crianças estavam felizes, pois hoje à noite poriam um fim na curiosidade que tomou conta deles nos últimos 4 dias.
O caminho de volta foi mais cansativo que de costume, as crianças chegaram em casa as 20:00 horas e como esperado a mãe mandou que tomassem banho e logo depois serviu o jantar que estava delicioso (não tanto quanto os preparados pela avó), mas a típica canja da mamãe. E logo depois escovaram os dentes e a mãe os colocou para dormir.
No meio da noite, Catarina acorda assustada com Damião a chamando. Se levanta em silêncio e assim se arriscam a sair de seus quartos e irem descalços, de mãos dadas, tateando no escuro, a respiração suspensa, rumo ao porão. Queriam descobrir o que havia por traz daquela porta tão pequena que até então não sabiam da existência dela.
Foram até o fundo do corredor, onde a porta do porão trancada os barrava o caminho para chegarem à pequena portinha. Catarina já puxava Damião para voltarem, pois ela sabia que a chave do porão ficava no molho de chaves que a mãe guardava com ela, porém para sua surpresa o irmão, que já havia pensado nisso, retirou do bolso do pijama o molho de chaves da mãe e abriu a porta.
Então Damião acende a vela e ambos se entreolham em um silêncio apavorante com um sorriso que demonstra medo, ansiedade e alegria de criança quando faz travessuras. De mãos dadas e com muita cumplicidade, as duas crianças se aproximaram da portinha. Damião entregou a vela para a irmã e colocou a mão na maçaneta da pequena porta.
Então ouvem um grito e se assustam...
- Crianças, o que vocês estão fazendo aqui a essa hora!
- Que susto, mamãe! - Diz Catarina.
- Estamos brincando. - Responde Damião.
- Me dê minha chave e vão dormir, que isto não é hora de brincar. Terei de esconder a chave do porão.
- Desculpa, mamãe. - Diz Catarina.
- Amanhã, vou pensar em um castigo para vocês. Por agora, vão dormir que já está muito tarde. Ambos foram dormir sabendo que a chave para o porão ficaria com a mãe e que não saberiam o que tem atrás da portinha, a menos que perguntassem para a mãe, e nenhum dos dois estava disposto a perguntar.

Thauane - 208

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