sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O menino do porão

Os irmãos Catarina e Damião havia encontrado uma entrada e uma pequena porta na parede do porão, mas sua mãe interrompeu a brincadeira chamando-os para se deitar. Tiveram de conter suas curiosidades e então os dois irmãos ficaram ali comentando o resto da tarde e da noite pensando, e claro cochichando para que sua mãe Elisabete não pudesse desconfiar de nada. Então jantaram e foram dormir, encabulados e curiosos para saber o que de tão misterioso havia ali naquela pequena porta, daquele porão, daquela humilde casa.
Quase não conseguiram dormir, passaram mil e uma coisas na cabeça daqueles dois irmãos, mas enfim conseguiram pegar no sono. No outro dia logo pela manhã, fizeram a rotina de todos os dias e foram para aula. Quando chegaram em casa, Catarina e Damião foram direto ao porão descobrir o que tinha por trás daquela porta. Quando chegaram, viram que dava acesso a um caminho escuro e abafado. Então os dois percorreram esse caminho até ver onde chegava. Percorreram cerca de uns 15 minutos até que se deparam com uma outra criança, aparentemente parecendo ter a mesma idade que eles, que tinha apenas a roupa do corpo e mais nada. Então Catarina perguntou:
- Como você veio parar aqui? Entrou na minha casa para vir no porão?
E então o menino, que nem nome tinha, respondeu:
- Não, entrei pelo caminho secreto onde só os sábios passam. Morei muitos e muitos anos numa cidade encantada, eu, minha mãe, meu pai e meus irmãos. Enfim, tinha uma família, até que um dia tivemos que nos separar, pois a nossa religião só permitia continuar até quando completasse 10 anos. Então essa é minha história. Fui abandonado pelos meus pais, fui deixado aqui por um sábio, que pediu que eu me alimentasse apenas de esperança e de luz. Se meu pai e sua mãe conseguirem casar minha irmã, eu terei a chance de poder voltar a morar com minha família novamente.
Então Damião e Catarina, abismados com a história, prometeram ao menino, que não se alimentava, não bebia e nem nome tinha, que voltariam no dia seguinte. Lá se foram os dois irmãos percorrendo a longa trajetória. Chegando em casa, contaram para a mãe o que havia acontecido naquela tarde, mas a mãe não acreditou, pensou que fosse coisa de criança.
E os dois ficavam ali pensando na triste história daquele menino. No outro dia, foram ver o menino outra vez. Chegando lá, o menino tinha sumido. Então eles ficaram pensando: “cadê o menino?”. Até que encontraram um espelho e uma carta que dizia: “Sei que deixei vocês curiosos e pensativos, essa era a ideia. Agora peguem o espelho, olhem para ele e para família de vocês, e aprendam a dar valor aos mínimos detalhes na vida, pois a vida é curta e não tem como fazer um rascunho, e depois passar ela a limpo. Sei que vocês são apenas duas crianças e também sei que não vão entender. E a propósito perguntaram meu nome ontem e eu não respondi, mas hoje vou lhes dizer: o meu nome é Reflexão. Parem e pensem, reflitam se vocês tem dado o devido valor a todos aqueles que os cercam. Meu endereço? Ah, não tenho endereço, ando pelo mundo afora, tentando fazer as pessoas enxergarem como a vida é boa e como elas são felizes.”

Fernanda - 208

Um comentário:

  1. Dos que eu li, o melhor é essee um texo envolvente gostei mesmo. "Reflexão" sempre é bom, pensar em quem você gosta e quem gosta de você, em quem você da valor e quem da valor a você, enfim em tudo que é importante.

    Lucas Pires - 203

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