sábado, 14 de agosto de 2010

Curiosa sombra

Sérgio e Marlon estavam brincando na rua de baixo da casa deles, quando avistaram uma casa abandonada, com uma parte do muro derrubada. Essa casa era muito grande e com uma arquitetura bem antiga. Curiosos, entraram no lote para verem mais de perto, o que poderia ser aquela sombra assustadora que sempre aparecia toda sexta-feira, daquela casa.
Sérgio teve a ideia de voltar na rua e chamar mais dois amigos para juntos explorarem o casarão, e assim chamou Juca e Pedrinho. A gangue já estava pronta, todos arrumadinhos com seus bonés com hélice na ponta e jaquetinha de couro. Marlon, que tinha a fama de corajoso, foi o primeiro a tentar desanimar os colegas, mas Sérgio tão empolgado não deixou que isso acontecesse e assim foram ao tão esperado encontro com a casa abandonada.
Os garotos passaram pelo muro que estava quebrado e saíram no jardim, que na verdade não tinha nada de jardim, todo sujo de folhas secas e com todas as plantas morrendo; passaram pelo jardim querendo rapidamente chegar à porta da casa. Chegando lá, Juca sempre o mais encapetado chegou chutando a porta e cuspindo no olho mágico para mostrar graça para os amigos. Marlon querendo de toda forma voltar e desistir do mistério da sombra, Sérgio como pioneiro de tudo apenas incentivava as artes de Juca. E Pedrinho como sempre “Maria vai com as outras” nunca decidindo ou tomando providências, acostumado a obedecer e seguir o grupinho de amigos.
Tentavam de todas as formas abrir a porta mas não conseguiam, até que Sérgio teve a ideia de olharem por trás da casa. E assim foram os quatro aos fundos da casa, encontrando lá um carro antigo e bem sujo, mas não conseguiram achar algum tipo de porta para entrarem na casa. Rodaram o terreno todo e nada de portas ou passagens, ficaram encucados que mesmo sendo assim tão velha, tão protegida a casa era. A última opção foi voltarem ao velho carro e tentar pegar alguma coisa lá, algum tipo de ferramenta ou coisa parecida. Ao analisarem melhor, viram que havia uma mensagem escrita no vidro da frente assim: “Tentais entrar, será difícil; tentais sair, será impossível!”. Refletiram a frase mas não deram muita importância, e assim voltaram à porta principal da casa.
Isso para Marlon, “o corajoso”, foi mais do que suficiente para desistir do tracejado caminho da sombra. Marlon queria parar por ali mesmo a todo custo, mas seus amigos lhe zombavam de “bundão” e tentavam de toda a forma trazer o amigo de novo para a missão tão esperada. Mesmo com a zoação, Marlon decidiu esperar os amigos do lado de fora da casa. E assim os três continuaram tentando. A fechadura da casa era muito estranha com o desenho parecido ao de um morcego. Os meninos, vendo que a frase estava se cumprindo, ainda sim tentaram entrar novamente mas agora quebrando um vidro do quarto que ficava no andar de cima, subiram por uma escada que estava ali mesmo encostada no jardim.
Depois de tanto esforço, os meninos até comemoram a tão esperada “invasão”. Quando foram perceber já estavam num quarto, que tinha uma cama de casal com a marca de um casal de caveiras debaixo do lençol. Aí sim os meninos viram que não era brincadeira. Em seguida, a janela por onde eles passaram já havia se reconstituído e estava trancada, isso deixou os três em desespero total. Eles tentaram quebrar a janela novamente, mas sem sucesso, e se encaminharam para o corredor da casa. Chegando no corredor, vários quadros pendurados nas paredes com fotos antigas. Chorando muito, Juca ia tirando a calma de todos. Passando pelos corredores abandonados, eles chegaram à sala principal da casa onde tinha uma enorme mesa com mais de vinte cadeiras acolchoadas de veludo vermelho todas ocupadas por caveiras empoeiradas com roupas antigas e bonitas. Assim o único jeito era correr e gritar, mas ninguém do lado de fora conseguia escutá-los. Tentavam sair de todas as formas, mas nada que faziam dava certo. Tudo trancado: portas e janelas. Assim lembraram da frase do carro e de seu amigo Marlon que havia ficado do lado de fora da casa. Ao passar do tempo na casa, os nomes deles iam aparecendo nas paredes, escritos de sangue. Os meninos não tinham mais o que chorar, bater ou correr. Então Sérgio pensou e pôs as coisas no lugar:
_ Não podemos ficar assim. Vamos nos concentrar e achar um meio de sair deste lugar.
Assim acalmando Juca eles continuaram a seguir. Os três amigos usavam bonés com uma hélice em cima. O tempo foi passando e eles nada de saírem da casa, e Marlon do lado de fora esperando os amigos; até que os meninos resolveram voltar ao quarto de que tinham entrado na casa e foram em direção à janela que tinham quebrado e que estava com a seguinte frase: “Foram avisados das condições, terão de pagar com a alma dos três ladrões”. Isso foi a gota d'água para os meninos entrarem em prantos, mas Sérgio, como tinha um sentimento de culpa por ter chamado os amigos, tentava de todas as formas tirar os amigos dessa. Então tentaram quebrar o vidro novamente. Cada hora um tentava: primeiro Sérgio batia com a cadeira, mas o vidro não quebrava; então os dois amigos Juca e Pedrinho, que eram mais fracos, tentaram juntos e com muito custo conseguiram quebrar o vidro. Pularam e caíram no jardim. Quando Sérgio ia sair, o vidro novamente se recompôs, e novamente outra frase apareceu: “Como o cabeça da operação estava errado, pagará para os ladrões de alma dependurado!”. Sérgio tentou de tudo mas não obteve sucesso, até desistir.
Juca e Pedrinho encontraram Marlon e ficaram à espera de Sérgio, mas nada de notícias. Já estava escurecendo e os amigos foram embora, sentindo sua falta. Um dia se passou e nem notícias de Sérgio, até que a sexta-feira chegou e quando os garotos passaram na rua onde a sombra ficara já não era mais uma estranha sombra, pois ela tinha uma HÉLICE na cabeça.

Wilker - 207

Um comentário:

  1. legal mais se aventurado ficava melhor.

    Nome: Aldo de Oliveira
    N°:01
    Turma: 202

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